Lançamento do projeto Retrato Brasília

Retrato Brasília é um projeto que tem o patrocínio do Banco do Brasil e realização do CCBB e Correio Braziliense. Idealizado e dirigido por Jackson Araujo e Luca Pedrabon, reuniu no CCBB diversos expoentes da cultura brasiliense, visando iniciar uma cartografia estética e comportamental da cidade. Das belas kombis de comércio itinerante passando por apresentações musicais , DJs, performances, exposição de artes, desfile de moda e projeções nas paredes do espaço, algo além deixou a noite realmente inesquecível : A independência na trajetória de boa parte dos artistas que participaram deste encontro.

Ficou evidente que, se existe uma nova tendência, ela é descentralizadora, apaixonada, persistente. Auto-focada e ao mesmo tempo inter-conectada com outros pontos similares, algo bem distinto do imenso FUNIL AUTOMÁTICO promovido pelos sistemas oficiais de fomento a cultura, onde uns poucos elegem outros poucos em detrimento de muitos. Isso começa desde as provas específicas para música, cênicas e artes visuais nas universidades e vai até os milionários editais dos ministérios e secretarias, quase sempre contemplando os mesmos desde a MPB.

SIM os artistas precisam de dinheiro, SIM os artistas precisam de críticos e de cobertura da imprensa, SIM os artistas precisam de espaços de qualidade… Mas isso não significa ficarmos eternamente agrilhoados a um sistema caduco baseado em oferta e procura, exclusão estratégica de profissionais de alta qualidade em benefício de alguns poucos eleitos do mercado, e tantas outras coisas chatas que não estou afim de ficar listando. A tendência agora é a de os artistas se bancarem, abrirem caminhos sem se subjugar, se articular entre si, cooperando de forma generosa para que todos ganhem – o público principalmente.

Tudo isso ficou explícito na noite de abertura de Retrato Brasília, na qual tive a oportunidade de participar da exposição organizada por Renato Acha, a video-projeção de Alexandre Rangel e o desfile da ultima coleção da Fernanda Ferrugem, onde a estilista reciclou uma tela minha transformando-a em um lindo vestido.  A noite memorável,  embalada pela voz de Tiê e a sonzeira rebolativa de Ph Nagô fez muita gente feliz e também fez muita gente refletir: a palestra de Leticia Abraham abriu a noite já conduzindo o pensamento para os novos rumos da cultura em tempos tão pulverizados, onde a informação adquire características mutantes e mesmo os grandes artistas sucumbem a um consumo fugaz de seus nomes e obras. Permanecer caminhando neste cenário é um desafio que requer corações criativos.

Abaixo, o album do evento

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