Ambiente de Vendas – Paisagens

Desenhar paisagens é um exercício maravilhoso de reconquista do tempo. É olhar para o mundo e perceber infinitas formas de construir a realidade. É contemplar a beleza daquilo que não foi alterado pelas mãos humanas.

Esta série é fruto de uma busca por uma relação mais direta com a Natureza, através de imersões quase diárias pelos bosques do Guará, cidade onde moro. Gradualmente, fui tomando gosto por desenhar ao ar livre, fascinado pelas longas meditações cujo silêncio era interrompido somente pelo canto dos pássaros. Além disso, a criação de paisagens também reduziu bastante minha dependência das redes sociais, um problema quase incontornável de nossa época. A desconexão do mundo virtual deu lugar a uma reconexão com a realidade em sua esfera mais pura: a Natureza.

Diante da crise ambiental que a humanidade atravessa, desenhar em áreas verdes adquiriu uma conotação mais política que bucólica. Ao longo dos meses desenvolvendo essas paisagens aprendi que O MUNDO PERTENCE ÀS ÁRVORES. Qualquer projeto de expansão urbana que ignore a preservação da flora é um projeto essencialmente equivocado. Entretanto, setores do poder público aliados a lobistas do setor privado insistem em desmatar grandes áreas verdes em nome do lucro de poucos empreiteiros, sob a égide de uma falsa noção de progresso.
 
Para mim, como artista, esse primeiro conjunto de paisagens marca uma nova etapa na minha produção, onde me vejo cada vez mais envolvido com questões ligadas à preservação ambiental nos espaços urbanos. Gostaria que elas servissem como inspiração para deixarmos os celulares de lado por algumas horas, e assim nos envolvermos com mais frequência nas áreas arborizadas que restam na cidade.