Lembranças do Mar
Este é um diário gráfico que fui fazendo durante uma temporada na praia. Aos poucos, me envolvi com as particularidades do mar, seus inúmeros tons de verdes e azuis, o caos dos movimentos da espuma, os reflexos na areia molhada, os seres reais e imaginários, a volúpia. O mar é um lugar aonde poderia dedicar a devoção de toda uma vida, em decifrar os segredos de suas imagens.
[…] Assim, o adeus à beira-mar é simultaneamente o mais dilacerante e o mais literário dos adeuses. A sua poesia explora um velho fundo de sonho e de heroísmo.
Desperta em nós, sem dúvida, os ecos mais dolorosos. Todo um lado da nossa alma nocturna se explica pelo mito da morte concebida como uma partida sobre a água. Para o sonhador, as inversões entre essa partida e a morte são contínuas. Para alguns sonhadores, a água é o movimento novo que nos convida à viagem jamais feita. Essa partida material rouba-nos a matéria da terra.
