Lineares

Os desenhos lineares possuem uma ligação com a obra do pintor Piet Mondrian, que fundou uma estética baseada nos princípios básicos da cor e da forma, criando estruturas com linhas verticais e horizontais preenchidos de cores primárias. 

Ao ler “A Poética do Espaço” de Gaston Bachelard  passei a conceber meu desenho que inicialmente partia de um quadrado fechado ( plano) e o recortava com linhas verticais e horizontais, e a partir desses eixos criava formas geométricas que ora se convertiam em uma janela, uma árvore, um boeiro, uma casa, uma estrada e tantos outros signos que surgiram desses devaneios sobre o espaço puro e as formas elementares.

Posteriormente, me iniciei nos estudos filosóficos de Gilles Deleuze e Felix Guatarri, especialmente o conceito de “rizoma”, apresentado em “Mil Platôs”, cuja proposta aponta para um modelo não hierárquico, descentralizado, com múltiplos pontos de força, aberto rupturas, acolhendo leituras diversas.

Pesadelo do pensamento linear, o rizoma não se fecha sobre si, é aberto para experimentações, é sempre ultrapassado por outras linhas de intensidade que o atravessam. Como um mapa que se espalha em todas as direções, se abre e se fecha, pulsa, constrói e desconstrói. Cresce onde há espaço, floresce onde encontra possibilidades, cria seu ambiente. Se trata de ciência? Isso importa? São apenas agenciamentos, linhas movendo-se em várias direções, escapando pelos cantos, fazendo e desfazendo alianças. 

https://razaoinadequada.com/2013/09/21/deleuze-rizoma/

Essa forma de conceber o desenho também se desdobra para a criação de estruturas totêmicas, verticalizantes, equilibrados com elementos simétricos, uma espécie de cosmologia pessoal, inspirada nos elementos da Natureza.


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