Linha do Tempo
Linha do Tempo propõe investigar a tradição do retrato a óleo através da projeção de imagens, tal como os grandes pintores costumavam fazer com espelhos côncavos e câmeras escuras. Após as descobertas de David Hockney sobre as técnicas da pintura, em que o artista inglês comprovou, cientificamente, o uso desses recursos artificiais por parte de nomes como Rubens, Vermeer, Da Vinci – para não falar dos artistas modernos como Andy Warhol e o próprio David Hockney – me senti instigado a deixar o purismo criativo de lado, e me rendi às tecnologias de projeção, curioso com as possibilidades de ampliação do meu vocabulário artístico.
Nesta série, suprimi a etapa do desenho, pintando direto sobre a imagem projetada, tal como fazia Caravaggio em seu ateliê. Contando com modelos presenciais que posavam para o italiano em um tablado à luz de vela, Caravaggio revolucionou a pintura religiosa com seus santos que em verdade não passavam de vagabundos, mendigos e prostitutas de Roma e Milão, além de inaugurar o estilo “chiaro escuro”, posto que seus espelhos captavam a penumbra de seu estúdio.
O resultado de Linha do Tempo está mais ligado ao momento contemporâneo, em que somos bombardeados por centenas de imagens todas as horas, de forma aleatória, fora de nosso controle, como uma espécie de máquina de caça-níqueis no mundo virtual, onde quase nunca somos capazes de estabelecer qualquer conexão entre os diferentes fenômenos que atravessam nossas redes sociais.