A erupção de signos de JACA
Muitas pessoas associam meu desenho com o grafiteiro nova-iorquino Keith Harring, certamente pela similaridade de nossas composições preenchedoras de todo o espaço possível. Mas o fato é que Harring nunca foi uma influência real no meu processo criativo, apesar de admirá-lo bastante. O mesmo não pode ser dito do JACA, este sim um artista fundamental para que eu começasse a desenhar de uma maneira muito mais consciente. Foi por volta de 1988 ou 89, ao folhear uma revista Geraldão, que me deparei com um “exercício gráfico” do até então por mim desconhecido ilustrador de Porto Alegre. Confira abaixo a página que me refiro:
O estilo de JACA emana uma atmosfera meio pós-moderna meio retrô, repleta de figuras transitando em paisagens urbanas, onde o resultado final é uma divertida erupção de signos, que trazem à tona narrativas escondidas na memória. Acredito que esse elemento sequencial dos desenhos de Jaca tenha sido um legado que eu tive a felicidade de trazer para meu trabalho, além do rigor formal de seu traço isento de virtuosismos, concentrado naquilo que é essencial para a compreensão da forma. E um certo silêncio triunfante a despeito das dezenas de protagonistas simultâneos, como se o desenho convidasse o espectador a integrar-se na paisagem, dando a ela o sentido que melhor lhe parecer.
Atualmente, Jaca faz pinturas e é representado pela galeria Choque Cultural.